Os alunos do Centro Paula Souza, localizado na região central de São Paulo, decidiram, em assembleia realizada na manhã desta terça-feira (3), manter a ocupação da unidade. Os alunos reivindicam que sejam implantados restaurantes que sirvam a chamada "merenda molhada", que inclui arroz e feijão, no lugar da chamara "merenda seca", composta de bolacha e suco; além de questionarem o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) aceca das denúncias de desvio de verba de alimentos das unidades escolares no estado.
O caráter da ocupação, de não permitir a entrada de funcionários no local, também foi mantido. "Nossa luta é unificada, porém, decidimos em assembleia, não permitir a entrada dos funcionários, para preservar o caráter da ocupação, até que nossas reivindicações sejam atendidas", disseram os alunos em jogral.
Os manifestantes também afirmaram ter um "inimigo em comum" com os funcionários da instituição: "patrões, chefes e governos corruptos que se apropriam do que é nosso, estudantes e trabalhadores".
Na assembleia, os alunos também repudiaram a entrada do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) na unidade, na manhã da última segunda-feira (2). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a entrada da polícia foi necessária para que os funcionários pudessem entrar no prédio. A decisão foi duramente repudiada pelo juiz Luiz Manuel Pires, do Tribunal de Justiça (TJ-SP), que solicitou a saída imediata da tropa do prédio.
A diretora do Centro Paula Souza, Laura Laganá, esteve na frente da unidade nesta terça, mas não conversou com os alunos. Ela se disse "inconformada", "assim como os outros 300 funcionários", em não poder trabalhar. Em ato simbólico, ela e outros funcionários abraçaram a instituição dando a volta no prédio de mãos dadas.
Laura disse que, desde segunda, todas as escolas estão recebendo merenda seca (bolacha e suco) devido a uma "força tarefa, no final de semana", coordenada por ela. Os alunos reivindicam que o Centro Paula Souza adote a merenda molhada, ou seja, refeições que contenham arroz e feijão.
"O aluno que está meio período na instituição, por que ele tem que almoçar? É muito caro para o governo", pontuou. A unidade ocupada, no entanto, conta com turmas em período integral, que cursam o ensino médio e o ensino técnico simultaneamente.
Reunião de conciliação
A assessoria de imprensa da Procuradoria Geral do Estado disse que o órgão solicitou ao Governo do Estado que seja feita uma audiência de conciliação, com a presença de alunos, membros da Justiça e do governo ainda nesta terça-feira. A ideia é decidir se haverá, ou não, a reintegração de posse do prédio.
Os alunos alegam não terem sido convocados para essa audiência até o momento. Na tarde desta segunda, a deputada Luíza Erundina (PSOL-SP), esteve na ocupação e ligou para o vice-governador Marcio França para marcar uma reuniao de conciliação com os alunos. Mas o encontro também foi negado pelos alunos durante a assembleia.
Alba Branca
As denúncias de pagamento de propinas a gestores do governo paulista para fechamento de contratos com creches e escolas públicas de 19 cidades estão sendo investigadas pela Operação Alba Branca, deflagrada no último dia 19. As irregularidades estariam ocorrendo há pelo menos dois anos.
Edição: Simone Freire.
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