Há um ano e nove meses 62 ônibus biarticulados disputam espaço no trânsito da Região Metropolitana do Recife. O anúncio de circulação desses veículos foi feito em 2010, na época, como parte da efetivação de um sistema de Bus Rapid Transit (BRT). A simples presença dos ônibus biarticulados não atende as promessas de BRT, no “novo conceito” de mobilidade urbana.
Em 2010, o Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Cidades (Secid), apresentava animações audiovisuais com avenidas largas, trânsito suave e integrado com pedestres, ciciclistas, automóveis e até mesmo embarcações. O investimento apresentado fazia parte do pacote de estruturas urbanas que deveria ficar pronta antes da Copa de 2014. Quase dois anos depois, uma das etapas para o funcionamento do BRT, as obras para entrega dos dois corredores (leste-oeste e norte-sul) viários que devem cruzar parte da Região Metropolitana do Recife (RMR), não têm prazo para conclusão.
No corredor norte-sul (Paulista ao Centro do Recife), a Secid “estima a conclusão para o segundo semestre de 2017”. Para o sentido leste-oeste (Camaragibe ao Centro do Recife), a única estimativa é para o tempo em que as obras vão permanecer paralisadas. A Secid informa que houve quebra de contrato com a empresa anterior e um novo edital deve ser lançado em junho de 2016.
Nem mesmo a possível conclusão das obras deve atender o conceito exigido para um sistema de BRT em Pernambuco. A necessária “segregação” entre BRT e os demais veículos, facilitando o fluxo do sistema, não está prevista em toda a extensão dos corredores.
“Esperávamos que o BRT fosse uma revolução. O trânsito continua bastante complicado. Os terminais e estações integradas não foram concluídos e faz com que o BRT não tenha sentido. Tem o BRT e tem os outros ônibus circulando na mesma avenida”, critica a estudante Nathália Diorgenes, usuária do sistema viário pelo corredor Leste-Oeste.
Além de faixas exclusivas, os BRTs disponíveis ainda são irregulares no horário das viagens e não dispõem de monitoramento. A usuária Angêla Alves, mora em São Lourenço da Mata e utiliza o sistema diariamente até a Madalena. O ideal para ela seria utilizar a estação Benfica. Porém, como a estação ainda fechada por tapumes, ela precisa se deslocar até a estação da Abolição.
“O tempo do trajeto diminuiu um pouco, mas tem vez que o ônibus vira uma ‘sardinha’ de lotado.
Uma vez eu fiquei uma hora para entrar em um ônibus [BRT]. Eles nem abriam a porta de tão cheio. Passaram cinco antes até eu pegar um”, afirma Angela.
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