O Grupo Interamericano de Expertos Independentes (GIEI) apresentou neste domingo (24) um segundo informe sobre os trabalhos de investigação realizados em torno à desaparição dos 43 estudantes desaparecidos em Ayotzinapa, no México, na noite do 26 de setembro de 2014.
Diante das numerosas discrepâncias com o governo mexicano e as campanhas de desprestigio promovidas pela grande mídia mexicana, o informe de 608 páginas apresentado pelos pesquisadores do GIEI asseguram que as autoridades não têm seguido as principais linhas de investigação, têm manipulado as evidências e obstruído possíveis avanços, têm protegido os oficiais que aparentemente participaram dos desaparecimentos e denunciam que a justiça tem receios em avançar sobre os mandantes dos crimes.,
Segundo as declarações dadas pelos membros do grupo ao New York Times, ainda que falte muito a se avançar, eles vão concluir os trabalhos no dia 30 de abril, já que o governo mexicano decidiu encerrar sua missão. Por isso, vão marchar pelo país.
Francisco Cox, um advogado chileno e defensor dos direitos humanos que faz parte do GIEI, falou que “ficar significa legitimar algo que não é correto”, em relação à verdade construída pelo governo mexicano.
Na mesma linha, o espanhol Carlos Beristain, médico e doutor em psicologia, analisa que “a investigação oficial tem a clara determinação de manter o caso no nível da responsabilidade municipal, [...] mas nós revelamos a presença de agentes estatais, federais e militares na cena do crime. Sua participação implica responsabilidade”.
Os familiares dos estudantes desaparecidos acreditam que o governo de México pretende obstruir a verdade sobre o sucedido, negando-se a estender o período de trabalho dos pesquisadores que estudam o caso. Neste sentido, foi convocada para esta terça-feira (26) um marcha em memória dos estudantes e em repúdio ao governo mexicano pelo encerramento dos trabalhos do GIEI.
O Grupo Interamericano de Expertos Independentes foi criado em 2015 pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos para dar assistência técnica internacional desde a perspectiva dos direitos humanos na investigação dos desaparecimentos dos 43 estudantes. Mas, para muitos mexicanos, a conformação do grupo de pesquisadores foi entendida como um gesto governamental positivo frente às inúmeras violações de direitos humanos naquele país. Mas o anúncio do fim dos trabalhos, sem que se tenha avançado no caso, é um sinal da persistência da impunidade.
:: Confira o Informe Ayotzinapa II
:: Site oficial do Grupo Interamericano de Expertos Independentes
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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