Debate no RS

Sob ataque, Sebastião Melo tenta socializar culpa pelo colapso de Porto Alegre durante enchentes

Diante das denúncias de desmonte do sistema de proteção contra as cheias, prefeito pede para 'não buscar culpados'

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
O confronto aconteceu logo após a publicação, no mesmo dia, da pesquisa Atlas-Intel, onde Maria do Rosário aparece com 34,1% de intenções de voto, ao passo que Melo tem 30,7% - Foto: Reprodução/Band

Quatro dos sete candidatos à prefeitura de Porto Alegre reprisaram, na noite de ontem (8), na Band RS, a mesma estratégia do primeiro debate realizado na rádio Gaúcha, na terça-feira (6). À esquerda, Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT) fustigaram Sebastião Melo (MDB) pelo colapso da Capital nas cheias de maio, enquanto o atual prefeito, à direita, teve o respaldo de Felipe Camozatto (Novo). Uma vez mais, sempre que foi questionado, Melo tentou dividir a responsabilidade pelo desastre com o governo federal e gestões anteriores.

Já no primeiro bloco, respondendo a Juliana, Rosário sustentou que a tragédia vivida pela cidade "não é só uma responsabilidade da natureza ou da crise climática", denunciando que "houve um desmonte do sistema de proteção da cidade" contra as inundações. Afirmou que a gestão Melo "faliu o sistema de proteção" e, mostrando a foto de uma montanha de fardos empilhados junto às comportas pela administração atual, disse que "Porto Alegre merece muito mais do que sacos de areia" como proteção.

"Metralhadora acusatória"

A candidata do PDT emendou críticas ao que chamou "momento muito triste" que a capital vive na saúde. "Estamos perdendo vidas para filas, as pessoas não conseguem marcar cirurgia." Rosário prosseguiu citando casos de corrupção na Secretaria Municipal de Saúde e no Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE).

Melo voltou a alegar que o sistema de proteção apresentou falhas por ter sido elaborado e erguido nas décadas de 1960/1970. Definiu as falas de Rosário e Juliana como "metralhadora acusatória", acusando ambas de falta de propostas. Prometeu um conjunto de obras no valor de R$ 500 milhões, queixando-se de que o governo federal, até agora, não lhe enviou "nem um centavo”.  
     
Na tabelinha, Camozatto ecoou que o governo Lula estaria "criando uma outra tragédia" com a demora no envio do auxílio. O prefeito aproveitou para sustentar que fazia tempo que não se via "uma cidade tão bem cuidada". E apelou: "Não vamos buscar culpados".

"Taxa de drenagem"

Rosário disse que "a saúde está na UTI em Porto Alegre" e que "neste momento 160 mil pessoas esperam por consultas especializadas". Sustentou que Melo pratica "a transferência de responsabilidades" sem nunca assumir a sua própria. Juliana disse ter ouvido um secretario de Melo anunciar a criação de uma taxa de drenagem. "Não vamos permitir que a população tão sofrida pague por aquilo que o poder público se omitiu." E voltou a ironizar Melo: "Ele diz que seus inimigos são os problemas. Mas, então ele está perdendo para esses inimigos".

Os candidatos Fabiana Sanguiné (PSTU), Carlos Alam (PRTB) e Luciano Schafer (UP) foram excluídos do debate sob o argumento de que suas siglas não têm representantes no Congresso Nacional.

Pesquisa favorece Rosário

O confronto aconteceu logo após a publicação, no mesmo dia, da pesquisa AtlasIntel, onde Rosário aparece com 34,1% de intenções de voto, ao passo que Melo tem 30,7%. Um quadro de empate técnico, uma vez que a margem de erro é de três pontos percentuais. Na simulação de segundo turno, a situação de empate se repete, porém com o prefeito à frente, somando 46% contra 44,8% da adversária. No levantamento de primeiro turno, Juliana obtém 12,7% e Camozzato, 12,5%.

Um ponto positivo para Rosário é que ela supera Melo em todas as áreas da administração. É o que apontam as respostas sobre quem seria mais capacitado para lidar com 11 segmentos de atuação da prefeitura. Sua vantagem é mais expressiva na educação (56% x 28%), em áreas verdes, lazer e meio ambiente (53% x 30%), saúde (51% x 30%), transporte público (48% x 30%) e cultura, turismo e eventos (47% x 30%).

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko