Perseguição

‘Jorge Glas está com a saúde debilitada e corre o risco de suicídio’, diz ex-candidato à presidência do Equador

Vice presidente durante o governo de Rafael Correa, Glas foi sequestrado da embaixada do México pelo governo Noboa

Brasil de Fato | Sâo Paulo (SP) |
Jorge Glas na Assembleia Nacional do Equador, em 2017 - ANDES / Creative Commons / Micaela Ayala V.

O ex vice-presidente do Equador, Jorge Glas está com a saúde debilitada e sofre “risco de suicídio” na prisão equatoriana, após ser sequestrado da embaixada do México em Quito pelo governo de Daniel Noboa em abril deste ano. A avaliação é de Andres Arauz, representante do Movimento Revolução Cidadã e ex-candidato presidencial equatoriano.

“Jorge está com a saúde debilitada e também corre o risco de suicídio. Precisamos de solidariedade e ajuda internacional. Isso não é apenas para sua liberdade, mas para que o direito internacional seja cumprido”, disse ao Brasil de Fato durante o evento Poder e Prosperidade em um Mundo Multipolar na Unicamp na quinta-feira (20), evento que reuniu lideranças de esquerda em todo o mundo, organizado Internacional Progressista (IP), Transforma-Unicamp e Phenomenal World .

“Temos uma pessoa cuja vida está em perigo, que foi sequestrada pelo Estado equatoriano, pelo presidente Daniel Noboa, e que deve ser rejeitada e condenada pelas maiores forças em nível internacional.”

Na era Correa, Glas foi um dos principais líderes do projeto chamado "Revolução Cidadã", uma coalizão com partidos de esquerda e movimentos populares que ampliou direitos sociais e buscou romper com a política econômica neoliberal.  

Nesse período, uma Assembleia Constituinte ampliou na Constituição equatoriana a garantia de direitos fundamentais, incluindo a população indígena, a promoção da cultura nacional, a valorização da soberania do país e os direitos da naturez. 

O Equador rompeu ainda com o Fundo Monetário Internacional (FMI), renegociou contratos de petróleo e protagonizou a integração no subcontinente na União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Arauz considera que motivo da prisão de Glas foi o seu papel na articulação das relações entre o Equador e a China. Durante o governo Correa. "O real motivo de sua perseguição é que ele diversificou as relações econômicas internacionais do Equador dos Estados Unidos para a República Popular da China. Ele era o contato de maior confiança do Partido Comunista Chinês dentro do governo equatoriano, e eles nunca o perdoaram por isso e continuam a persegui-lo."

Corte Internacional

Considerado pelo ex-chanceler do Equador Guillaume Long como o “ato internacional mais arbitrário da história contemporânea do Equador”, o tema aguarda a manifestação da Corte Internacional de Justiça em Haia, onde o México ingressou com uma ação pela violação de seu espaço diplomático.

“Uma vez que o asilo foi concedido, a invasão da embaixada mexicana violou todas as normas do direito internacional. Isso não deveria ser polêmico, a Corte Internacional de Justiça ainda não se pronunciou, mas é óbvio que eles vão rejeitar isso”, avalia Arauz.

Policiais do Equador usaram a força para invadir nesta sexta-feira (5) a embaixada do México em Quito e prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado no local desde dezembro.

A invasão ocorreu no mesmo dia em que o México concedeu asilo político a Glas, decisão que aprofundou a tensão diplomática entre os dois países.

Edição: Rodrigo Durão Coelho