Terra Conquistada

Marca do MST participa de maior feira de alimentos naturais da América Latina

Evento foi realizado em São Paulo e reuniu cerca de 760 expositores

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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A SDA levou para a Naturaltech um estande com alimentos produzidos por 10 cooperativas do estado. A Cooperamel, Coopalc e a Coopranorte produtoras da marca Terra Conquistada integrou a comitiva. - Foto: Aspásia Mariana

Mel, castanha, pasta de caju, farinha e fécula de mandioca, entre outras delícias. Tudo orgânico produzido pelas mãos das cooperadas e cooperados das áreas de reforma agrária do Ceará. Deu muito o que falar a presença dos produtos da Terra Conquistada, marca do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), na 18º Naturaltech, uma das maiores feiras de produtos naturais do mundo, realizada em São Paulo, no Anhembi, entre os dias 12 e 15 de junho.

O evento reuniu nesta edição mais de 760 expositores, profissionais da área, varejistas, produtores, compradores, autoridades do mundo orgânico, fornecedores, distribuidores, donos de negócios alimentícios e do ramo da saúde, além do consumidor final. De olho no que esta rede de contatos pode proporcionar, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará (SDA) levou para a Naturaltech um estande com alimentos produzidos por 10 cooperativas do estado. A Cooperamel, Coopalc e a Coopranorte, produtoras da marca Terra Conquistada, integraram a comitiva.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Wilca Souza, representante da Cooperativa Regional dos Trabalhadores Apícolas Assentados e Assentadas da Reforma Agrária (Cooperamel) esteve na Naturaltech e falou sobre o orgulho de expor seu trabalho na feira e da qualidade da produção da reforma agrária. "Esse nosso produto passou por todo o processo de certificação do Ministério da Agricultura e Agropecuária [Mapa]. É um mel completamente orgânico. Nossas abelhas são alimentadas somente com o próprio mel, os nossos cooperados fazem a extração, mas deixam mel dentro da colmeia para que as abelhas possam se alimentar. Tudo sem alimentação artificial", explica.

Quando o consumidor pega um produto na prateleira do supermercado, em geral não tem acesso a como o alimento foi produzido. Entretanto, tem crescido no mundo um movimento de pessoas que valorizam essa informação, principalmente diante da popularização das doenças causadas pelos alimentos ultraprocessados, onde o valor nutricional é baixo e observa-se a grande concentração de aditivos químicos. No Brasil, quase 46% da população consome alimentos orgânicos, segundo pesquisa da Associação de Promoção dos Orgânicos, a Organis.

A pesquisa destaca o Nordeste como grande surpresa. A região apresentou o aumento mais significativo no consumo de orgânicos no país, de 32% em 2021 para 45% em 2023. Em segundo lugar, o Centro-Oeste aparece com 42% na pesquisa atual, contra 39% na anterior, seguido pelo Sudeste, registrando aumento de 26% para 30%. A região Norte teve aumento de 1% entre as pesquisas de 2021, com 15%, para 16% em 2023. O Sul manteve os 39% nas duas edições da pesquisa.


O evento reuniu nesta edição mais de 760 expositores, profissionais da área, varejistas, produtores, compradores, autoridades do mundo orgânico, fornecedores, distribuidores, e muito mais. / Foto: Aspásia Mariana

Para além dos orgânicos

Para o MST, além do debate sobre a alimentação saudável, é preciso ampliar a discussão sobre a produção a partir do trabalho justo, aquele que dinamiza os comércios locais e distribui renda. Para isso, o movimento tem investido na promoção da comercialização dos produtos de assentados e assentadas da reforma agrária que carregam a mensagem da luta pela terra por onde são consumidos.

No lançamento da Terra Conquistada, Gene Santos, da Direção Nacional do MST, afirmou: "É motivo de muita alegria do povo sem-terra cearense, dos homens e mulheres que ousaram construir uma sociedade diferente. A marca é uma reafirmação que a luta pela terra, pela reforma agrária, não só para produzir alimentos, mas para produzir resistência e identidade, deixando muito claro que o MST é um movimento que luta pela terra, luta pela produção de alimento, que luta pela vida".

Para que essa informação se espalhe, participar de espaços como a Naturaltech são estratégicos. Sua estrutura oferece uma plataforma abrangente para empresas e profissionais do setor. Florença Moreira, da coordenação da comercialização dos produtos da reforma agrária do Ceará, entendeu isso assim que chegou na feira. Ela afirma que a participação foi um grande aprendizado para os agricultores e agricultoras. "Tivemos um grande sucesso de vendas, mas além disso tem a troca com as outras cooperativas no estande do Ceará. Sem falar nos processos de diálogo com grandes compradores de lojas de produtos naturais e orgânicos. Além da visita dos nossos clientes de São Paulo, como os Instituto Chão, Raízes do Campo e o Instituto Feira Livre. Aqui a gente se aproximou dos clientes que muitas vezes só conversamos por telefone ou por e-mail. Aqui pudemos visitar e ver como eles estão apresentando nossos produtos nas prateleiras."

Florença acrescenta que, por sua qualidade e inovação, os produtos da Terra Conquistada foram muito bem recebidos na feira. "Um sucesso tem sido a pasta de castanha, um diferencial de outros no evento, por ser um produto 100% castanha. É um produto natural, certificado como orgânico. Também a paçoquinha de castanha, esse tem sido uma grande inovação, um sucesso na feira, já que no mercado só existe paçoquinha de amendoim."


Um dos sucessos no evento doi a pasta de castanha, um diferencial de outros produtos na Feira. / Foto: Aspásia Mariana

A participação na Naturaltech já trouxe boa colheita para as cooperativas do MST. Segundo Florença, uma série de contatos foram feitos. "Ficamos de enviar a tabela de preços a pelo menos 15 empresas de vários estados que ficaram muito interessadas nos produtos, principalmente na castanha. Inclusive, a empresa de alimentos Tia Sônia, já virá nos visitar no próximo mês para conhecer a Cooperativa Regional De Produção Agroindustrial Luiz Carlos".

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Francisco Barbosa