INUNDAÇÃO

Enchentes no RS: vítimas no Vale do Taquari relatam o desespero frente à tragédia

O avanço implacável das águas traz relatos dramáticos de moradores de cidades atingidas

Brasil de Fato | Vale do Taquari (RS) |
Cidades do Vale do Taquari voltam a sofrer com as enchentes - Foto: Jéssica Cristiane Frank

As palavras vêm sofridas do Vale do Taquari. Chegam como um pedido de socorro de quem sente na pele, na carne, nos ossos o peso da tragédia. Abaixo, algumas das falas alimentadas pelos últimos resquícios da bateria dos celulares que nos dão uma ideia mais próxima da catástrofe. Chegam incompletas, fragmentadas, estilhaçadas, doloridas.

Confira abaixo alguns relatos de moradores de cidades atingidas por uma das maiores tragédias climáticas já registradas no país.

:: Em meio a maior tragédia do estado, ações solidárias vêm para trazer um alento à população ::

"No Passo de Estrela não sobrou uma casa em pé. Perdi minha casa, perdi tudo. Não sobrou uma parede. Nada, nada, nada. Perdi tudo o que tinha. Agora vou morar na casa do meu irmão que eu não tenho mais para onde ir. Perdi tudo, tudo."

(Emilce Petter, Cruzeiro do Sul)

"Os municípios na região alta estão sem ligação. As passagens e pontes foram embora. As comidas, quem tinham armazenado estragou. O leite estão distribuindo. Estamos sem ação porque não dá pra sair pra ajudar ninguém.

O que nos resta é rezar e aguardar."

(Vanderléia Chittó, Arroio do Meio)

"Arroio do Meio, Lajeado, Estrela, Bom Retiro do Sul, Taquari, todas as nossas cidades de Muçum pra baixo é um caos verdadeiro. Se o caos em setembro foi grande, agora foi o resto. Da nossa agricultura, acho que não sobrou mais nada. Em Arroio do Meio, a região em que moramos, ficou totalmente isolada. Não temos acesso ao centro (da cidade), não temos telefone, não temos energia, não temos mais comida. O pessoal está saqueando pelas informações que temos do centro."

(Lari Hofstetter, Arroio do Meio)

"Aqui estamos carregando os telefones nos carros e pegando sinal no morro. Estamos bem na região alta, mas sem luz, água e a gasolina está acabando assim como alguns itens nos mercados como vela."

(Vanderléia Chittó, Arroio do Meio)

"Depois, semana que vem, quando passar tudo vamos ter que sentar e ver qual a melhor saída, por onde vamos caminhar. Todo mundo, acredito, vai estar perdido como nós estamos perdidos aqui. A gente só pode ajudar, ajudar, ajudar e ser ajudado. Abraço para todos."

(Lari Hofstetter, Arroio do Meio)

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko